sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Para garantir que os valores sejam pagos no fim dos processos, investidores pedem bloqueio de quantias das contas de Glaidson e de seus sócios

Desde a prisão de Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como "Faraó dos Bitcoins", em agosto do ano passado, mais de 300 clientes de sua empresa, a GAS Consultoria, foram à Justiça para pedir a devolução do dinheiro investido. Para garantir que os valores sejam pagos no fim dos processos, os investidores pedem que sejam bloqueadas quantias das contas de Glaidson e de seus sócios. Em geral, os argumentos utilizados são de que as investigações da Polícia Federal revelaram que os clientes estavam sendo enganados, por isso os contratos devem ser anulados. Nas petições encaminhadas à Justiça, às quais O GLOBO teve acesso, os advogados dos clientes argumentam que a operação Kryptus, na qual Glaidson foi preso, revelou que o dinheiro dos investidores não era, de fato, aplicado em criptomoedas. Eles afirmam que investigações apontaram que, na realidade, tratava-se de um esquema de pirâmide financeira e os clientes eram pagos com os valores aplicados por novos investidores. Os advogados pedem a rescisão do contrato de seus clientes com a GAS, argumentando que a empresa quebrou o que foi pactuado, uma vez que os investimentos não vinham sendo feitos. Além do fim do contrato, todos querem receber seu dinheiro de volta. Outro argumento para sustentar a quebra de contrato pela empresa é a interrupção no pagamento mensal que deveria ser feito, comunicada pela GAS aos investidores no fim do ano passado. Em uma das petições encaminhadas à Justiça, o advogado Carlos Daniel Dias André, que representa investidores, argumenta que as investigações revelaram que Glaidson e seus sócios tratavam-se de "perfeitos estelionatários enganadores, que estavam ludibriando a autora (da ação) para angariar fundos para manutenção do seu esquema criminoso de pirâmide financeira". Para conseguir o bloqueio de valores que garantam o pagamento de seus clientes no futuro, caso ganhem o processo contra a GAS e Glaidson, os advogados argumentam que há risco de que, com o decorrer do tempo, nenhuma quantia seja mais encontrada nas contas dos réus. "Além da probabilidade do direito, verifica-se que a situação de fato exposta na petição inicial, por seu turno, importa, em virtude do tempo natural do processo, risco de dano concreto, atual, grave e de difícil reparação para o direito material afirmado, na medida em que o transcurso do tempo poderá impedir ou dificultar a recuperação dos valores transferidos em favor a Ré", escreveu a juíza Maria Cristina Barros Gutierrez Slaibi, da 3ª Vara Cível do Rio, em uma das decisões analisadas pelo GLOBO.

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