quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Empresas farmacêuticas vão compensar indígenas dos EUA com US$ 590 milhões pelo vício em opioides

NOVA YORK — Um grupo de empresas farmacêuticas dos EUA concordou em pagar US$ 590 milhões para liquidar processos relacionados ao vício em opiáceos movidos por tribos nativas americanas, de acordo com documentos judiciais divulgados nesta terça-feira. O acordo entre as quatro empresas (Johnson & Johnson e distribuidores McKesson, AmerisourceBergen e Cardinal Health) e os autores da ação foi fechado no tribunal distrital do estado de Ohio. Esse acordo é separado de um anterior em que os três distribuidores pagaram US$ 75 milhões à tribo Cherokee. O vício em opioides, que causou mais de 500 mil mortes por overdose em 20 anos nos EUA, desencadeou uma enxurrada de ações judiciais abertas por vítimas diretas e muitas comunidades. Opioides são substâncias usadas em remédios contra dores fortes. Opioides como o fentanil podem ser cem vezes mais potentes que a morfina. As tribos nativas americanas foram particularmente atingidas, sublinha o acordo, pois sofreram a maior taxa de overdose de opiáceos per capita. O número de indivíduos prejudicados não foi divulgado. “Por essa razão, os governos tribais dos EUA tiveram que gastar grandes somas para cobrir os custos da crise dos opiáceos, incluindo gastos mais altos com assistência médica, serviços sociais, proteção infantil, aplicação da lei", acrescentou o documento. AmerisourceBergen, Cardinal Health, McKesson e Johnson & Johnson concordaram no verão passado em pagar US$ 26 bilhões para resolver milhares de processos em outro grande acordo. A Johnson & Johnson disse nesta terça-feira que os US$ 150 milhões que a empresa concordou em pagar ao longo de dois anos seriam subtraídos desse acordo maior, enfatizando que sua assinatura não representa "uma admissão de responsabilidade" ou ato irregular. A empresa "continuará a se defender contra qualquer litígio que o acordo final não resolva", disse a Johnson & Johnson em mensagem. As outras empresas não comentaram o assunto. Segundo Robins Kaplan, banca de advogados dos autores da ação, acordo ainda deve ser aprovado pelas tribos. "O acordo inicial para as tribos no litígio nacional de opioides é um primeiro passo crucial para trazer alguma medida de justiça às tribos e comunidades que vivem em reservas nos EUA que foram o ponto de partida da epidemia de opioides", disse Tara Sutton, representante da empresa, em um comunicado. Steven Skikos, advogado que também representa as tribos, disse à AFP que eles estão processando outras farmacêuticas. — Estes são os primeiros de muitos outros acordos — disse ele.

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