segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Youtuber que gravou aula e debochou de professor é condenado por crime de injúria e difamação

O youtuber Wilker Leão foi condenado por difamação e injúria contra um professor da UnB (Universidade de Brasília) após gravar aulas e expor nas redes sociais. A Justiça entendeu que o youtuber ofendeu a honra do professor. Estevam Thompsom, docente do curso de História da UnB havia denunciado o youtuber após Leão gravar as aulas e publicar nas redes sociais, dando a entender que haveria uma "doutrinação de esquerda" dentro da universidade. O juiz considerou ilegal a publicação dos vídeos sem autorização do professor e sem consentimento dos colegas. Nas imagens gravadas por Leão e publicadas nas redes sociais, professores e colegas são expostos enquanto o youtuber os satiriza. Leão foi condenado a dois anos e três meses de detenção em regime aberto mais 90 dias-multa. Contudo, a pena foi substituída por duas prestações pecuniárias no valor de 15 salários mínimos para o professor e para uma entidade social. Ele também vai ter que arcar com os honorários advocatícios. O professor de História da África disse à Justiça que Leão promoveu uma campanha contra a universidade. Ainda de acordo com Thompsom, houve a tentativa de desqualificar os docentes e alunos, atentando contra a honra de forma "objetiva e subjetiva". A Corte entendeu que a situação foi além da discussão crítica. Segundo a sentença do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios), assinada pela 1ª Vara Criminal de Brasília, houve violação do direito à honra e à imagem do professor, que foi chamado de "brabão", "comunista" e "transgeneral", com o objetivo de "provar doutrinação ideológica". Leão, em sua defesa, disse que não quis ofender o professor e que as falas foram descontextualizadas. Além disso, o youtuber relatou que tinha direito de gravar as aulas e que queria apenas gerar crítica sobre o ambiente acadêmico. Não se está aqui fazendo nenhuma análise acerca do conteúdo crítico das veiculações, até porque este nem é o ambiente para tanto. A questão jurídica resume-se, aqui, à violação do direito à honra e à imagem sob o ponto de vista criminal, sobre a efetiva existência de conduta criminosa com a veiculação não autorizada da imagem, da voz e do conteúdo da aula, com comentários depreciativos e ofensivos à figura do professor registra Sentença da 1ª Vara Criminal de Brasília Nos vídeos publicados nas redes sociais, o youtuber diz, sem provas, que as universidades do Brasil impõem "doutrinação de esquerda", incluindo a UnB. Nos registros, o aluno interrompe as aulas para fazer comentários sobre direitos humanos, racismo, gênero e demais temas enquanto filma rosto e vozes dos docentes e de outros alunos. Leão tenta inferir que os professores "não têm conhecimento sobre o que estão ensinando" e diz que os docentes fazem recortes específicos nas aulas para manipular o conteúdo. Em um dos vídeos, Leão disse que sofreu "discriminação" após professora falar sobre privilégios de pessoas brancas. Ele é um homem branco e afirmou que os próprios negros são racistas e que a professora "culpou a branquitude pelos problemas do mundo". "Não foram só negros que foram escravizados. Brancos foram escravizados também", narrou o influenciador em um vídeo. Em outro, ele diz que existe uma "cartilha da esquerda e cartilha a vitimização" quando o racismo é tratado em sala de aula. Um colega de turma de Wilker Leão, que prefere não se identificar por medo de retaliação diz que a turma está sendo alvo de ofensas desde que o influenciador começou a publicar os vídeos. Leão tem mais e um milhão de seguidores nas redes sociais. Em apenas um dos vídeos divulgados pelo influenciador na rede social X, foram registradas mais de sete milhões de visualizações. As imagens também foram compartilhadas no Youtube, Instagram e TikTok. Em algumas redes sociais, o conteúdo é monetizado por alcance e número de visualizações. No início havia debate mesmo com discordâncias do aluno, narra. Contudo, após as divulgações das imagens o clima em sala de aula se alterou, com o youtuber "provocando" para gravar os vídeos. Após repercussão do caso, Leão acabou suspenso de aulas na UnB por 60 dias. A universidade chegou a abrir sindicância contra o aluno após a comunidade acadêmica narrar que os vídeos publicados por ele eram editados e distorcidos para promover ataques nas redes. Ele gravava desde o início, mas a princípio ninguém percebia. Em todas as aulas ele fazia perguntas fora do tema da aula para provocar o professor ou os demais alunos. Nas primeiras aulas só parecia um aluno chato, mas depois de descobrirmos que ele gravava ficou claro que o deboche tinha um objetivo claro. Ele tenta descontextualizar as falas do professor ou pegar respostas Ocorreu mais de uma vez tentativas de conversas, pedindo de maneira acolhedora para que parasse, mas todos foram sempre ignorados. Eu e outros alunos fomos conversar com ele individualmente falando que não achávamos legal e que gostaríamos que parasse e ele apenas respondeu 'tudo bem, mas eu não ligo'. Quatro professores e uma coordenadora também tentaram conversar para solicitar que isso parasse e ele respondia da mesma forma. Um desrespeito.

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