Compartilhar notícias jurídicas, jurisprudências e doutrinas e apresentar dicas sobre direitos dos cidadãos.
domingo, 26 de novembro de 2023
Apreensão de CNH e passaporte força o pagamento do débito financeiro
Há poucos dias, veículos de Ana Hickmann foram alvo de restrição judicial devido a
um processo de cobrança de dívidas. Além da apresentadora e empresária,
recentemente o ex-candidato à Presidência da República e ex-governador Ciro
Gomes (PDT) teve o licenciamento de seu Toyota Hilux SW4 2010 bloqueado na
Justiça, também devido a um débito pendente.
Em abril passado, o ex-jogador de futebol Marcelinho Carioca teve a sua CNH
(Carteira Nacional de Habilitação) e o seu passaporte apreendidos em processo de
cobrança de R$ 160 mil devidos a um hospital da capital paulista - o ex-atleta
conseguiu posteriormente reverter a apreensão dos documentos.
Em cada caso, foram aplicadas regras diferentes, mas com o mesmo objetivo: forçar
o pagamento do débito por meio da suspensão do direito de dirigir, do bloqueio de
veículos e da retenção do passaporte do réu. Decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) referendou a retenção dos documentos para forçar réu a pagarem dívidas
Marco Fabrício Vieira, advogado, escritor e membro da Câmara Temática de Esforço
Legal do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), explica que, no caso de Ciro
Gomes, o bloqueio do licenciamento do seu Toyota aconteceu por meio do Renajud.
Sistema Renajud significa Restrições Judiciais sobre Veículos Automotores
Trata-se de uma ferramenta eletrônica criada em agosto de 2008 que interliga o
Poder Judiciário e a Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito)
O Renajud possibilita a efetivação em tempo real de ordens judiciais de restrição de
veículos cadastrados no Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) por meio desse sistema, magistrados e servidores do Judiciário
fazem a inserção e a retirada de restrições judiciais de veículos na BIN (Base Índice
Nacional) do Sistema Renavam. Essas informações são repassadas aos Detrans (Departamentos Estaduais de
Trânsito) onde estão registrados os veículos, para atualização das suas bases de
dados. Com o bloqueio via Renajud de veículos automotores de pessoas com pendências
na Justiça, o sistema garante o pagamento das dívidas judiciais com maior rapidez e
segurança. A agilidade do sistema, que bloqueia a transferência do veículo, por exemplo, pode
impedir que o condenado venda ou transfira o bem, com o objetivo de fraudar o
processo de execução
Casos como inadimplência em geral, herança ou divórcios, ações trabalhistas e
acidentes de trânsito geralmente levam ao bloqueio judicial por meio do Renajud.
A padronização e a automação dos procedimentos envolvidos na restrição judicial
de veículos via Renajud tem como principal objetivo agilizar o cumprimento de ordem
judicial. Anteriormente, para obter informações sobre os veículos, o juiz tinha de
enviar ofício, em papel, para o Detran. Somente após a resposta a esse ofício, o
magistrado conseguia fazer a restrição judicial, o que levava meses para se
concretizar"
Renajud pode bloquear o licenciamento do veículo do réu, como aconteceu com Ciro Gomes, impede o registro da mudança da propriedade do veículo no
sistema Renavam
Licenciamento: impede o registro da mudança da propriedade, como também um
novo licenciamento do veículo no Renavam
Circulação (restrição total): impede o registro da mudança da propriedade do
veículo, com novo licenciamento no sistema Renavam, e também impede a sua
circulação e autoriza o seu recolhimento a depósito
Registro de Penhora: registra no Renavam a penhora efetivada em processo
judicial sobre o veículo e seus principais dados (valor da avaliação, data da penhora,
valor da execução e data da atualização do valor da execução)
Como dar baixa em restrição do Renajud
Conforme Marco Vieira, depende do motivo da restrição. Contudo, via de regra, a
baixa da restrição é consequência da quitação das pendências do devedor.
Juiz pode ordenar apreensão de CNH e passaporte
Outro mecanismo contra inadimplentes que envolve a condução de veículos é a
apreensão da CNH e do passaporte mediante ordem judicial.
Decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) tomada em fevereiro determinou que a
legitimidade da apreensão desses documentos em caso de dívidas não pagas.
Quando CNH e passaporte podem ser apreendidos:
Decisão recente do STF reconhece legalidade da apreensão de CNH e do passaporte de réu inadimplente
Qualquer dívida, independentemente de sua origem, pode ser cobrada
judicialmente. Antes de chegar a este ponto, a instituição que não recebeu o pagamento deve
tentar contato com o cliente, via e-mail, telefone ou carta, por exemplo
No fim das tentativas, o inadimplente recebe uma notificação oficial para
comparecer ao tribunal
O dispositivo autoriza o juiz a aplicar "todas as medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias" para forçar o cumprimento de decisões judiciais
Se houver abusos durante os processos, eles devem ser contestados caso a caso às instâncias superiores
A apreensão só pode acontecer caso "não avance sobre direitos
fundamentais". Segundo o STF, deve-se observar "os princípios da
proporcionalidade e razoabilidade".
Motoristas profissionais também estão livres da apreensão de CNH e passaporte,
bem como dívidas alimentares. Outras penalidades incluem a proibição de participar
de concursos públicos e licitações.
Instâncias inferiores do Judiciário já vinham aplicando a regra. O Supremo
apenas referendou essas decisões.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário