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terça-feira, 28 de novembro de 2023
Pelo filho, mãe criou marca de produtos à base de cannabis
Barbara Arranz, 36, entrou no mercado da cannabis medicinal
para melhorar a vida do filho caçula, se especializou no tema,
empreendeu na Espanha e hoje tem uma empresa milionária.
Ela é CEO da Hemp Vegan (empresa de produtos veganos
desenvolvidos à base de canabidiol —CBD, uma das
substâncias encontradas na Cannabis sativa). Em 2022, a
empresa faturou R$ 4 milhões.
Além de empresária no segmento, Barbara é biomédica
especialista em cannabis medicinal e uma ativista que luta
em prol do uso do produto no Brasil há anos.
Ela se especializou em cannabis pelo filho. Barbara diz que buscou informações
e especialistas para saber como a cannabis poderia ajudar no tratamento do seu filho
caçula, Raul, diagnosticado com condição do espectro autista. Nessa época, em
2017, ela cursava faculdade de biomedicina e começou a se especializar no tema
para cuidar do filho, hoje com 15 anos. Barbara tem outros dois filhos: Maria
Eduarda, 19, e Paco, 17.
Conheceu o óleo fitoterápico de cannabis na Apepi. Em 2017, ela conheceu a
Associação de Apoio à Pesquisa e os Pacientes de Cannabis Medicinal (Apepi), que
lhe apresentou o óleo fitoterápico.
Melhoras significativas na primeira semana. Raul passou a tomar o óleo todos
os dias à noite, quatro gotinhas, com uso sublingual. "Logo na primeira semana, ele
já teve melhoras significativas. Os sinais de melhora eram nítidos: segurança de
entrar na escola sozinho, socialização com os colegas de sala, melhoria na fala, na
ansiedade, diminuição dos movimentos repetitivos, foco e disposição", afirma.
Raul passava por outros tratamentos também. Segundo Barbara, juntamente
com o tratamento com óleo fitoterápico de cannabis, Raul fazia terapia
comportamental e teve ajuda de profissionais de saúde, como fonoaudióloga e
psicopedagoga. Ele nunca fez uso de medicação alopática (usada pela medicina
tradicional), diz ela.
Não foi fácil convencer meu marido e minha família que eu estava tratando meu
filho com maconha. No começo, ouvi dezenas de vezes frases do tipo: 'Você é louca,
vai drogar seu filho?!'.
Desde o começo, meu propósito sempre esteve atrelado ao de uma mãe
buscando o melhor para o seu filho, e isso transbordou de uma forma até inesperada,
quando vi que não estava sozinha nessa busca e que eu poderia, sim, por meio do
conhecimento e acesso à informação, ajudar outras famílias.
Os três filhos usam canabidiol. Hoje, Raul toma o óleo fitoterápico de cannabis a
cada 15 dias. Seu irmão, Paco, que é atleta de alta performance, usa o creme para
dor muscular, consome as gummies (balinhas) como fonte vitamínica e toma o óleo
para ajudar no equilíbrio e regeneração. Já Maria Eduarda faz uso das gummies e do
óleo sublingual em dias de cólicas menstruais, estresse na faculdade, ansiedade e
agitação noturna.
Em 2017, Barbara criou uma iniciativa chamada Linha Canábica. Ela mantém
uma conta no Instagram (@linhacanabicadaba) para falar sobre os benefícios da
cannabis. "Inicialmente, era como um grito de libertação, uma forma de expressar
meu conhecimento, minha luta, minha busca por informação sobre o assunto",
declara.
A Linha Canábica é uma health tech (startup de empresa de tecnologia com
foco na saúde). Tem hoje um acervo sobre pesquisas e informações sobre
condições médicas e estudos com cannabis. "Por meio dessa iniciativa, conseguimos
levar a discussão para dentro das casas das pessoas promovendo a busca por
produtos naturais infundidos com cannabis", afirma.
Antes da Linha Canábica, Barbara teve outros empregos. Ela trabalhou como
secretária e caixa de loja, foi vendedora de gás encanado, de acessórios, perfume e
até salada no pote nos prédios da avenida Faria Lima, em São Paulo. "Até que por
fim eu me encontrei no mundo, dentro do mercado da cannabis", afirma.
Em 2020, a família se mudou de São Paulo para Madri (Espanha). Segundo ela,
na Espanha, o uso de produtos à base de canabidiol não é proibido. "O canabidiol
não é considerado uma substância controlada, o que dispensa o uso de prescrição
médica, e é frequentemente vendido em lojas especializadas. Na Espanha, o plantio
do cânhamo [Cannabis sativa] em escala industrial ainda não é permitido", afirma.
Em 2021, Barbara abriu a Hemp Vegan, em Madri. O investimento inicial no
negócio foi de R$ 400 mil.
A Espanha está geograficamente bem posicionada na Europa, tornando-a um hub
ideal para expandir os negócios para outros países europeus onde a aceitação da
cannabis está crescendo muito.
O cultivo da cannabis é próprio. Segundo ela, tudo é desenvolvido em um espaço
na Eslovênia. "O país permite o cultivo industrial de cânhamo, sendo a cannabis com
teor de THC [Tetrahidrocanabinol é a principal substância psicoativa encontrada na
cannabis] inferior a 0,2%. E escolhemos ali para iniciar nosso plantio por conta de
toda cultura agrícola na Eslovênia ter uma longa história e é parte integrante da
identidade do país", afirma.
O portfólio da empresa tem diversos produtos à base de cannabis. Entre eles:
gummies (R$ 240; 30 unidades), gel íntimo (R$ 230; 30ml), três tipos óleos
sublinguais (de R$ 390 a R$ 450; 10ml) e creme para regeneração muscular (R$
310; 100ml).
A marca já tem lojas em Madri, Amsterdã (Holanda) e Londres (Inglaterra). Em
2024, a empresa planeja abrir uma loja em Portugal. Em 2022 a Hemp Vegan faturou
R$ 4 milhões. O lucro não foi divulgado.
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