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terça-feira, 10 de outubro de 2023
UniSuper faz acordo de R$ 6,4 mi após caso de tortura por furto de picanha
A rede de supermercados UniSuper, de Canoas, localizada na região metropolitana de
Porto Alegre (RS), firmou um acordo de R$ 6,4 milhões com a Defensoria Pública do
Estado, após um caso de tortura praticado por seguranças da empresa dentro de um
depósito contra dois homens que teriam furtado pedaços de picanha de uma unidade
da rede.
O que aconteceu:
A UniSuper firmou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) e se
prontificou a pagar o valor estabelecido de R$ 6,4 milhões. O montante será
utilizado no combate à violência, à tortura, à discriminação e à insegurança alimentar,
segundo o defensor público dirigente do Núcleo de Defesa do Consumidor e Tutelas
Coletivas da DPE-RS, Rafael Pedro Magagnin.
A sessão de tortura no depósito do supermercado durou, segundo a polícia, cerca de 45 minutos
O TAC tem vigência máxima de seis anos e estabelece como medidas a serem
adotadas pela empresa: campanhas interna e externa, neste último caso, mediante a
criação de um dia ao ano para realização de ações visando o combate à violência, à
tortura e à discriminação; criação de uma ouvidoria independente e a oferta de bolsas
de estudo e cestas básicas a pessoas em situação de vulnerabilidade social.
O investimento total para cumprimento do acordo chega a R$ 6.467.895,80,
divididos da seguinte forma: R$ 4.242.895,80 em campanha interna, R$ 10 mil em
campanha externa, R$ 450 mil para criação de uma ouvidoria e R$ 1.765.000 para
bolsas de estudo e cestas básicas.
A rede de supermercados se compromete a fazer um treinamento interno com
seus funcionários, inclusive terceirizados, para evitar novos casos de
discriminação em suas lojas. As novas contratações pela empresa deverão respeitar
a proporção mínima de 50% para mulheres, 21% para negros, 5% para transexuais e
travestis e 5% para egressos do sistema prisional — nesse caso, ela não é obrigada a
contratar pessoas que tenham ou tiveram ligações com organizações criminosas.
Também não pode contratar policiais civis ou militares para seu quadro de seguranças.
Para o defensor Rafael Pedro Magagnin, o acordo representa uma alternativa
para "compensar este dano nessa situação que foi causada". Caberá à
Defensoria Pública fiscalizar se a empresa cumprirá o que foi acordado.
Em nota, a UniSuper disse estar "comprometida" com a adoção de
procedimentos para que episódios como esse não voltem a acontecer, e afirmou
que cumprirá os acordos firmados com a Defensoria Pública.
Relembre o caso
A sessão de tortura, ocorrida no dia 12 de outubro, foi gravada por câmeras de
segurança no depósito do local. O vídeo foi revelado pelo "Fantástico", da Rede
Globo, em dezembro do ano passado.
Em decorrência das agressões, uma das vítimas precisou ser hospitalizada. Foi
quando a polícia soube do ocorrido, após o hospital reportar o caso.
Os dois homens, um deles negro, foram agredidos com socos, pontapés e
apanharam com pedaços de madeira. No total, as violências duraram cerca de 45
minutos. Na ocasião, a polícia identificou cinco seguranças como suspeitos das
agressões, além do gerente e do subgerente do supermercado.
Em junho de 2023, o Ministério Público do Rio Grande do Sul denunciou seis
pessoas pelo espancamento dos dois homens. O órgão citou os crimes de tortura e
extorsão ao encaminhar a denúncia ao Tribunal de Justiça.
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