sábado, 14 de setembro de 2024

Como falar sobre riscos de bets com crianças e adolescentes?

O maior risco do uso dos sites de apostas deriva da forma como as apostas esportivas são apresentadas a crianças e adolescentes. A publicidade ostensiva online e offline, com influenciadores e até medalhistas olímpicos, durante o jogo de futebol, na camisa dos times, nas redes sociais, normaliza as bets e faz com que pareçam saudáveis e divertidas. A falta de regulamentação no País, que só agora começa a ser enfrentada, também permite que o público infanto-juvenil fique desprotegido e tenha acesso a uma atividade proibida para menores. Há uma pressão grande de influenciadores, o futebol, a facilidade, o hábito de usar celular, e ainda a ilusão de gratificação imediata. O caminho está aberto demais para que esse comportamento prejudicial surja. É preciso educar crianças e jovens a usar conscientemente o dinheiro porque são hábitos mais fáceis de serem trabalhados cedo. No Brasil, segundo dados do Pisa, avaliação de educação da OCDE, 71,7% dos estudantes de 15 anos não conseguem fazer cálculos de um orçamento. A maioria também não entende como funcionam os empréstimos nem sabe analisar extratos bancários. A redução da desigualdade de renda e riqueza quando esses alunos se tornarem adultos passa por uma educação financeira. Sem isso serão adultos frustrados e infelizes. Para Gustavo Estanislau, psiquiatra da infância e da adolescência, as famílias porém devem ter cuidado com o tom para abordar o problema. “Tem mãe e pai com discurso alarmista para tudo. Aí as bets vão entrar em mais um grupo de coisas que os pais trazem ”, afirma. “Nesses casos, as crianças começam a desenvolver senso de alarme para tudo, com medo do mundo, ou passam a bater de frente e a testar tudo porque não conseguem mais discernir”, acrescenta ele, pesquisador do Instituto Ame Sua Mente. Veja dicas de especialistas para lidar com o tema: 1- Compartilhe relatos ou histórias de quem teve problemas com apostas, como perdeu muito dinheiro, vício ou efeitos na saúde mental; 2- Não trate as apostas como algo divertido; 3- Não discuta pretensas habilidades para se conseguir ganhar mais facilmente; 4- Fique atento à cultura de apostas de adultos dentro da família, isso também leva a uma naturalização para crianças e adolescentes 5- Fale de riscos, mas com equilíbrio e bom senso. Ser alarmista com tudo pode fazer a criança ou adolescente ter medo de tudo ou, por outro lado, querer testar os pais; 6- Discuta educação financeira e fale do valor do dinheiro, de como ele é ganho e da importância de se poupar o futuro; 7- Acompanhe de perto as atividades das crianças e adolescentes em celulares e redes sociais;

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