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quarta-feira, 4 de dezembro de 2024
PM que executou jovem negro em mercado foi reprovado na primeira vez que prestou o exame psicológico
O policial militar Vinicius de Lima Britto, que executou um jovem negro com 11 tiros nas costas em frente a um mercado Oxxo na Zona Sul de São Paulo em 3 de novembro, foi reprovado no exame psicológico do concurso da Polícia Militar em 2021, na sua primeira tentativa de entrar na corporação, por apresentar descontrole emocional e impulsividade.
De acordo com o resultado avaliação, Vinicius apresentou "inadequação" aos critérios exigidos no perfil psicológico para o cargo de soldado nos requisitos de descontrole emocional, capacidade de liderança e relacionamento interpessoal adequado.
Vinicius abriu uma liminar contra a Fazenda Pública de São Paulo para contestar o resultado do exame. Na petição, o advogado Luiz Lello apontou ilegalidade na avaliação psicológica, afirmando que o processo "está calcado em parâmetros de avaliação de natureza puramente subjetiva". Além disso, alegou que os motivos para a reprovação não foram informados ao candidato.
A defesa ainda solicitou reintegração ao concurso, produção de nova avaliação psicológica com um perito e indenização por danos morais no valor de 100 salários mínimos.
Na sentença de agosto de 2022, a juíza Lais Helena Bresser Lang, da 2ª Vara de Fazenda Pública, julgou improcedente o pedido e extinguiu o processo. Para a magistrada, a desqualificação de Vinicius do concurso é legal, uma vez que ele foi considerado inapto para o trabalho quando a avaliação foi realizada. Além disso, explicou que o laudo psicológico que apresentou sua metodologia pautada em critérios técnicos e foi produzido por profissionais capacitados.
A juíza ainda salientou que, no teste, Vinicius apresentou descontrole emocional, impulsividade, "tendendo agir fortemente por meio de condutas instáveis e imprevisíveis" e "podendo agir sem tanta reflexão diante de inesperadas".
"Para o desempenho da função policial, é imprescindível que o profissional tenha habilidade para reconhecer as próprias emoções, diante de um estímulo qualquer, antes que as mesmas interfiram em seu comportamento, controlando-as, a fim de que sejam manifestadas de maneira adequada no meio em que estiver inserido, bem como que saiba direcionar a sua energia agressiva, adequadamente, para a superação de obstáculos, mostrando autocontrole necessário frente às situações inesperadas, que são inerentes ao dia a dia da atividade policial-militar, e, principalmente, nos relacionamentos, já que irá deparar-se com momentos de tensão em que raiva e brigas poderão estar presentes, devendo então pensar bem sobre suas ações antes de agir", diz a juíza.
"A inaptidão acusada nos exames psicológicos não pressupõe a existência de transtornos mentais ou a inaptidão do autor para outras funções e atividades, indicando, tão-somente, que o candidato não atendeu, à época dos exames, aos parâmetros exigidos para o exercício das funções de Soldado PM 2ª Classe", finaliza.
Com três meses de extinção do processo, Vinicius prestou um segundo concurso para soldado da Polícia Militar, em novembro de 2022, no qual foi aprovado.
Questionada sobre o motivo pelo qual Vinicius conseguiu ser aprovado, a Secretaria da Segurança Pública não respondeu até a última atualização desta reportagem.
Além da execução de Gabriel Renan em novembro, Vinicius também é investigado pela morte de dois homens em São Vicente, no litoral de São Paulo, em 18 de novembro de 2023.
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