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sexta-feira, 16 de agosto de 2024
Cavalo de Marcelinho Carioca matou menino em 98 e pais tentam indenização até hoje
Há 26 anos, no início de 1998, o menino Cristiano, de 17 anos, conseguiu um
trabalho como ajudante no sítio do astro Marcelinho Carioca, então ídolo do
Corinthians. A alegria pelo novo emprego, porém, durou pouco: o garoto morreu 4
meses depois, pisoteado por um cavalo de raça do jogador enquanto cumpria um
serviço.
O caso é pouco conhecido, mas, até hoje, o casal de idosos Servio Machado e Pedra
Batista, de 73 e 67 anos de idade, tentam receber uma indenização de Marcelinho
pela morte do filho dentro de seu sítio e por um de seus cavalos.
Eles foram à Justiça em julho de 1998, três meses depois de perderem o filho e
venceram em todas as instâncias. A última delas foi há 15 anos, e desde então eles
vêm tentando de todas as formas receberem o valor que teriam direito. Nesse meiotempo,
o advogado principal morreu, e seu filho, Vitor de Camargo Holtz Moraes passou a representá-los.
A sentença em primeira instância diz que Marcelinho contratou um menor de idade,
inexperiente com animais e sem nível sócio cultural para realizar as tarefas às quais
foi submetido. Nem a fazenda de Marcelinho possuía estrutura para criar cavalos, ou
sequer seu gestor direto. O garoto recebia um salário de R$ 180 por mês para
trabalhar no sítio.
"O fato de amarrar a outra ponta na cintura demonstra inexperiência,acrescido ao
nível sócio-cultural da vítima, fator a ser considerado, pois é notório que a falta de
educação, a pobreza faz com que a pessoa não tenha um discernimento muito claro
no tocante ao risco da atividade, devendo o empregador ser cauteloso ao designar
certas tarefas, primando pelo treinamento e esclarecimento, o que não aconteceu",
disse o juiz.
A Justiça entendeu que Marcelinho, apesar de não estar no local no momento do
acidente e não ser quem ocasionou diretamente a morte do menino, causou
sofrimento e dor à família de Cristiano, por ser o dono do local e responsável por tudo
que poderia acontecer. A capacidade financeira do então jogador e dos pais do
garoto também foram levadas em consideração. Ele foi condenado, na ocasião, a
pagar R$ 100 mil de indenização.
Mais de 23 anos se passaram. Marcelinho conseguiu anos depois reformar a
condenação para pagar metade do valor, depois sofreu nova derrota, e por quase
uma década a ação ficou estacionada no Superior Tribunal de Justiça, que emperrou
na hora de decidir se a briga deveria acontecer nos tribunais cíveis ou do trabalho.
Por muitos anos, os advogados dos pais de Cristiano também tentaram diversas
vezes encontrar bens em nome de Marcelinho para penhorarem, mas foi em vão, fato
que é comum em processos movidos contra o idolo do Corinthians. O ex-jogador
jamais procurou o casal para prestar qualquer assistência ou fazer qualquer acordo.
Servio se aposentou como coletor de lixo da Prefeitura de Sarapuí, e Pedra
sobreviveu como trabalhadora doméstica. Eles criaram 10 filhos.
Atualmente, segundo consta em informações nas mais de 1500 páginas do processo,
a dívida está em mais de R$ 550 mil.
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